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O Papa Francisco
trouxe brisa amena ao inverno carioca e alívio aos brasileiros. Logo se
transformou em unanimidade, rara nos últimos tempos. Com gestos de simpatia,
pregação solidária e persuasivas expressões de simplicidade, mobilizou a
juventude, aglutinou em torno de si pessoas de todas as idades e revigorou a fé
quase esquecida. Alimentada por temas e imagens favoráveis a mídia e o povo
esqueceram-se temporariamente as dores para ver Papa passar. Por uma semana foi
removida a poeira que cobre as imagens e os ritos religiosos, e muitos se
descobriram sensíveis e devotos.
A freira era
jovem e passava discreta pela sala de espera do aeroporto. Mal seria notada,
não fossem as vestes escuras e pouco habituais. Mas foi o olhar perplexo da
criança que distraia a espera brincando, que a destacou. Ao vislumbrar aquele
hábito, ativou a singela rede de associações que trazia na mente e misturando
encanto e espanto, anunciou: Mãe; olha
Deus passando ali!
O símbolo
nos ajuda a entender estes fenômenos. A mente tenra e adulta não cessa de criar
imagens e fazer ligações que nos transportam para além dos fatos e das coisas
concretas. Através do processo de simbolização, realidades imediatas recebem
sentidos extraordinários e tornam-se mediadoras de poderosas energias
arquetípicas. Tornam-se símbolos os elementos que transformam a energia
psíquica de alta voltagem, armazenada em nosso inconsciente, na força que
comove a consciência e move processos que nos fascinam e, frequentemente, nos dominam.
Assim a imagem da freira representou o mistério que fascina a mente infantil, o
papa despertou lembranças do divino e pôs o sagrado, que costuma viver recluso,
a peregrinar pela consciência coletiva dos brasileiros.
Amauri Munguba Cardoso
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