Amauri Munguba
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Doce Limite
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
sábado, 10 de agosto de 2013
SERIAL LOVER
Na primeira vez amou com recato
A segunda com impudica paixão
A muitas possuiu com desvelo
Outras por momentânea satisfação
Amou por carência e carinho
Rendeu-se ao amor popular
Seduziu jovens e maduras
Provou do belo, do bizarro e do vão
Amou por destino e com arte
Por capricho e ausência de sorte
Como quem nada mais busca
Senão a deusas em casta veneração
Deixou o enfado à caça de vida
Com virtudes e vícios de amante
Quis a alma e o corpo em chamas
Do amor fez culto e de amar
obsessão sexta-feira, 2 de agosto de 2013
O PAPA, A FREIRA E O SÍMBOLO
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tribunahoje |
O Papa Francisco
trouxe brisa amena ao inverno carioca e alívio aos brasileiros. Logo se
transformou em unanimidade, rara nos últimos tempos. Com gestos de simpatia,
pregação solidária e persuasivas expressões de simplicidade, mobilizou a
juventude, aglutinou em torno de si pessoas de todas as idades e revigorou a fé
quase esquecida. Alimentada por temas e imagens favoráveis a mídia e o povo
esqueceram-se temporariamente as dores para ver Papa passar. Por uma semana foi
removida a poeira que cobre as imagens e os ritos religiosos, e muitos se
descobriram sensíveis e devotos.
A freira era
jovem e passava discreta pela sala de espera do aeroporto. Mal seria notada,
não fossem as vestes escuras e pouco habituais. Mas foi o olhar perplexo da
criança que distraia a espera brincando, que a destacou. Ao vislumbrar aquele
hábito, ativou a singela rede de associações que trazia na mente e misturando
encanto e espanto, anunciou: Mãe; olha
Deus passando ali!
O símbolo
nos ajuda a entender estes fenômenos. A mente tenra e adulta não cessa de criar
imagens e fazer ligações que nos transportam para além dos fatos e das coisas
concretas. Através do processo de simbolização, realidades imediatas recebem
sentidos extraordinários e tornam-se mediadoras de poderosas energias
arquetípicas. Tornam-se símbolos os elementos que transformam a energia
psíquica de alta voltagem, armazenada em nosso inconsciente, na força que
comove a consciência e move processos que nos fascinam e, frequentemente, nos dominam.
Assim a imagem da freira representou o mistério que fascina a mente infantil, o
papa despertou lembranças do divino e pôs o sagrado, que costuma viver recluso,
a peregrinar pela consciência coletiva dos brasileiros.
Amauri Munguba Cardoso
sexta-feira, 19 de julho de 2013
EFEITO BORBOLETA
A Estética do Protesto e a Ética do Processo
O rumor de um grupo transbordou
em avalanches de manifestações uma semana depois, assumiu a dimensão de um movimento
inesperado e varreu o país. Um verdadeiro efeito
borboleta. Por trás dos acontecimentos destacam-se o imponderável poder das
mídias sociais, a absoluta e inesperada ausência de liderança, a extensa lista de
reivindicações e a estética do protesto.
Não bastasse a beleza da
juventude, rostos pintados, frases e cânticos alçados em grupo e as mensagens bem
humoradas dos cartazes ajudaram a compor o cenário alegre e encantador, próprio
da estética dos protestos. A bem da verdade, nem tudo foi belo. Excluídos os
fatos bizarros e as cenas abjetas, resta poesia suficiente para ser contemplada
e cuidadosamente armazenada.
Na esteira de episódios
históricos e de imagens emblemáticas fixadas na memória, indivíduos formaram multidões,
improvisaram caminhos e traçaram rotas para ultrapassar os incômodos e
adormecidos sentimentos de insignificância e de nulidade da existência. A moldura
ideal para a estética do protesto envolve participação coletiva e a sensação de
estar movendo o mundo numa dobradiça do tempo.
Desejos de realização pessoal,
anseios de mudança social, insatisfações que desconheciam causas e origem, e
não pouca indignação reprimida são ingredientes que temperam a estética do
protesto, visível do lado de fora e nem sempre acompanhada por complexas
elaborações éticas. Estética se expõe na mesma velocidade que compõe o mote de
uma reclamação, a ética se impõe aos poucos com a aclamação de princípios que se
submetem e sustentam o coletivo, ao curso de longos processos.
Mudanças saudáveis carecem de
fundamentos éticos e de valores, dispensam atalhos, apontam caminhos
consequentes, norteiam transformações sociais justas, preservam valores e prezam
pela dignidade dos sujeitos. A ética não se limita ao discurso de pretensos autores,
destina-se a garantir espaço e oferecer expressão a muitos atores. Clamores estéticos
querem o novo e pra já, cabe aos rigores da ética avaliar alternativas e apontar
respostas, para além da simples novidade.
Quando crianças, acreditávamos
que o belo também deveria ser bom. Depois de adultos descobrimos que o bom nem
sempre faz bem, e nos fazem bem elementos que não se apresentam agradáveis. Aprendemos
que o cumprimento do dever, a obediência à lei e o respeito ao princípio da
autoridade, pessoalmente desagradáveis desde o primeiro instante, são imprescindíveis
para o bem coletivo e duradouro.
É
natural que todos almejem o belo, sintam-se confortáveis no cosmos e deslocados
no caos. Mas a harmonia social não se estabelece ao acaso, envolve respeito às regras
e reconhecimento ao direito dos outros. Atos de indivíduos e grupos compõem uma
estética admirável quando ajudam a conservar em ordem a casa maior que nos acolhe
e nos compete manter habitável.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Ruminante
Humanos são seres falantes,
Eu me descubro animal
ruminante.
Refreio revelações e sonego expressões;
Admiro nas palavras a essência, e prefiro curti-las.
Humanos são seres falantes,
Eu me declaro animal
ruminante!
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